domingo, 15 de janeiro de 2012

Faltam homens ou mulheres legais?



É intensamente difundida a idéia de que está difícil encontrar caras legais. Concordo em partes. É difícil achar pessoas legais, seja de qual sexo for. Todavia, creio que está mais difícil achar mulheres legais do que homens legais.



Tem muito homem perto de se tornar um cara legal. Só falta uma mulher inteligente para viabilizar isso.

Eu acredito que há muitos homens por aí que não são exatamente “caras legais”, mas têm o potencial para sê-lo. Muitos estão dispostos a refletir, a mudar, a rever seus (pré)conceitos. Basta alguém para moldá-los. E realmente acredito que muitos homens ainda não são “caras legais” justamente porque nunca tiveram uma mulher inteligente ao lado. Darei exemplos.

Nem os homens querem mais ser provedores e estar com mulheres submissas financeiramente. Até quando serão as mulheres que continuarão querendo isso?

É fato que muitos homens ainda gostam de gritar orgulhosamente que sua esposa “não precisa” trabalhar (há coisa mais gratificante para um homem machista e egoísta do que saber que sua esposa não poderá ir longe sem ele, já que precisa de seu dinheiro até para comprar papel higiênico?), mas diversos homens já cansaram – e com razão – do fadigoso papel de provedor. Muitos desejam uma mulher independente ao seu lado, que preze por seu crescimento profissional e financeiro, e ficam felizes quando vêem suas esposas crescendo tanto quanto eles.



Todavia, existem inúmeras mulheres – e ouso dizer que ainda são a maioria – que ainda exigem que seu companheiro ganhe mais do que elas, que não estão dispostas a dividir a conta do restaurante, que acreditam que o dinheiro que elas ganham é delas, mas o dinheiro do marido é “do casal”.



Ora, mesmo que o homem seja pró-direitos iguais e conseqüentemente acredite que tudo deve ser dividido, ele certamente fará questão de pagar as contas no primeiro encontro, mesmo achando que não deveria ser assim, pois, ao sair com uma garota pela primeira vez, não sabe ao certo se ela julgará isso como uma atitude coerente ou extremamente grosseira. E, para mulheres machistas, ter que dividir a conta no primeiro encontro – ou qualquer encontro – é motivo para nunca mais querer ver o cara.

Muitos homens acreditam que mulher também paga a conta (afinal, direitos e deveres iguais).  Mas muitas vezes não o fazem por medo de perder a companheira.

Os homens querem agradar as mulheres. Eles querem ser gentis. Logo, se comportarão da forma que acreditam que será reforçador perante as mulheres. Sendo assim, muitos acabam perpetuando atitudes machistas, mesmo não concordando, porque são as próprias mulheres que as exigem.

Futilidade não é sexy. Charme é.



Só caras imbecis gostam de mulheres fúteis. Os caras legais não as toleram. Nenhum homem em sã consciência gosta de esperar duas horas enquanto a mulher se arruma e, quando entra no carro, provoca crises de rinite nos outros por causa da maquiagem excessiva e desnecessária. Homem algum se excita com mulheres descontroladas financeiramente, que gastam seus salários no shopping e em tratamentos estéticos. Minto. Sim, há aqueles que se excitam: os homens igualmente fúteis e aqueles para os quais vale qualquer coisa se há chance de “se dar bem” no fim da noite.

Mulher fútil só tem moral com homem fútil.


Caras legais existem. E eles também estão procurando mulheres legais.

Se você têm como referência os homens que dispensam suas namoradas no domingo para ficar assistindo futebol, bebendo latinha de cerveja e arrotando com os amigos; que assistem Pânico na TV; que assinam Playboy; que moram de aluguel mas tem um carro importado; ou se conhece homens apenas nas “raves sertanejas”  e outras baladinhas de pessoas vazias cujo objetivo é descaradamente apenas “pegar”, é claro que não está vendo o menor sentido no que estou dizendo. 

O cara legal não é aquele toscão que adora televisão e cerveja.


Os caras legais existem, e não são tão raros. Mas é preciso saber escolher, é preciso saber onde encontrá-los.



Tem muito homem imbecil no mundo? Com certeza. Mas também há muitas mulheres no mesmo nível. Muito mais do que nós, mulheres, queremos acreditar.

       Tenho amigos e conhecidos que são homens muito interessantes e inteligentes, assim como também recebo muitos comentários masculinos aqui no blog. São caras legais, sensíveis, que desejam dar certo com alguém, que prezam pela fidelidade, que anseiam pela companhia de mulheres batalhadoras, que querem dividir alegrias e tristezas com mulheres sinceras e não materialistas, que desejam bater longos papos desafiadores com mulheres inteligentes. Todos eles compartilham da mesma angústia e se queixam do mesmo problema: está muito difícil achar uma mulher legal.



Isso é tão verdadeiro que eu mesma sinto a escassez de mulheres inteligentes, que não se deixam levar por padrões, que tenham opiniões próprias e críticas, que ouçam boa música, que trabalham para conquistar espaço e serem independentes, e não para pagar uma plástica no fim do ano. Tanto é que ultimamente tenho feito muito mais amizades com homens do que com mulheres. Logo eu, que sempre fui uma entusiasta do universo feminino e sempre me identifiquei e me senti mais à vontade com mulheres. É, só faltava isso para eu definitivamente me tornar a Elaine Benes*.

Elaine Benes: é independente, inteligente e belíssima, mas sem futilidades.


* Elaine Benes é a personagem de Julia Louis-Dreyfus no seriado "Seinfeld". É minha preferida da série pois nossas semelhanças são inúmeras, embora eu desejasse ser mais como ela em alguns pontos, e que ela fosse mais como eu em outros. Nossa diferença mais marcante é o fato de que ela quase não faz amizades com mulheres, apenas com homens. Pelo visto, era.


11 comentários:

  1. Maravilhoso texto. Mais reflexões sensatas e lúcidas sobre questões sexistas. Esse "cherry picking" que tornou-se o feminismo contemporâneo, em que as mulheres estão mais do que dispostas a coletar privilégios e facilidades mas não ousam abraçar a dureza e os deveres todos da "igualdade" é quase tão ruim quanto negar as diferenças entre os sexos definidas (em parte) pela Biologia.

    Peço que leia/ouça esse meu ensaio. Acho que vai agradar a alguém com sua mente: http://www.recantodasletras.com.br/audios/cronicas/46158

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    1. Você conhece um movimento de uns chamados "homens honrados"?tem uns idiotas criminosos que se apropriaram deste "slogan" para divulgar/incentivar crimes na web,como uns tais de "sanctos",mas a essência deste movimento é ser contra esta hipocrisia feminista(se é que podemos considerar assim....infelizmente,não podemos fazer do feminismo real uma "trade mark" para evitar tais apropriações)que tem se alastrado.

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    2. Não conheço, não..! Se são idiotas criminosos, espero que sejam presos. Pessoas que promovem ideias ao menos parcialmente corretas, mas usam métodos criminosos, estão minando as chances dessas mesmas ideias serem propagadas. :- /

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  2. Essa foi uma das raras vezes que concordei com alguma coisa sem fazer nenhum adendo!(que estranho...)

    Quanto a Elaine o que eu achava legal na relação dela com os caras é que geralmente ela participava das mesmas questões, dos mesmos assuntos. Tipo se eles tavam conversando e ela aparecia não precisavam mudar de assunto porque uma "mulher" tinha chegado. Ele participava, fazia parte do grupo.

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  3. Não sei se o nome deste feminismo fútil pro-vulgaridade é "cherry picking",mas tenho me enojado do que tenho visto.Eu também era entusiasta da luta feminista,na min ha adolescência me imaginava como uma grnde lider..mas aí,o que mais vejo é "feminista" encorajar as mulheres na auto-objetificação(até defenderam funk num blog!)ao invés de educar as mulheres,e no final,tacarem pedras nos homens por nos tratarem como objetos! Nem precisa falar o quanto fui/ainda sou apedrejada quando comento tal coisa e esta mania de vitimização que elas tem.Quando vi os protestos promovidos por elas,putz....mais parecem blocos de carnaval!! Não tem como levar o feminismo atual á sério!

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  4. Estava assistindo Seinfeld essa semana e pensei nisso... Elaine tinha se metido num relacionamento furado e não demorou a perceber isso. Até que não é difícil encontrar mulheres legais... Mas falta encontrar as legais e que tenham um mínimo de bom senso... Dia desses, conversando com uma conhecida (que é uma mulher legal), percebendo que a relação não ia bem, pergunto "Mas então por que você está com o fulano?" E a resposta, mais disparatada impossível: "Porque ele não me BATE." A impressão que tenho é que as legais, em maioria, devem ter algum fio solto, pois não se valorizam e se colocam em posições não só de submissão, mas de humilhação. Aí quando aparece um "cara legal", é tratado como se fosse um alienígena, uma coisa tão fora do comum que tem que ser estudada de perto, mas ter um relacionamento com essa pessoa é impossível. Vá entender...

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  5. Uma vez uma amiga me disse que para ela "o homem deveria estar sempre numa posição social igual ou acima da mulher." Eu respondi: "Então, invertendo a lógica, você mulher teria que estar sempre numa posição igual ou inferior ao homem? É isso?". Ela ficou pensativa.

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  6. Mas o que eu penso sobre isso de relacionamentos, é que não existe um modo racional para escolher quem você quer ao seu lado. Racionalmente você escolhe um funcionário, uma diarista, uma empresa pra consertar o banheiro. Nas relações amorosas, as coisas não funcionam assim. Você pode ser uma pessoa legal, inteligente, não futil (como o texto procurou mostrar) e a pessoa simplesmente NÃO GOSTAR DE VOCÊ. E aí? O que se pode fazer? Como no filme "O Todo Poderoso", quando o Jim Carrey pergunta angustiado para Deus: "Como eu posso fazer as pessoas gostarem de mim??" Ele responde com um sorriso irônico: "Se você descobrir como, me conte."

    E outra... não dá pra dizer que o fútil é pior do que o inteligente. Não dá pra dizer que a bilbiotecária é uma pessoa melhor do que a pirigueti. Como saber? Cada um de nós é um universo.

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  7. Parabéns ao texto. Concordo totalmente, principalmente quando você diz sobre o dinheiro. Na cabeça de muitas mulheres o dinheiro dela é só dela e do homem é do casal. Claro que não são todas, mas a maioria.

    Um tempo atrás vi uma experiência com algumas mulheres nos EUA, onde mostravam fotos de vários homens e elas tinham que dar uma nota. Após isso, repetiram a mesma experiência, porém com uma informação adicional, o salário de cada um. Incrivelmente a nota do mais feio (que tinha o menor salário) subiu muito e a nota do mais bonito simplesmente despencou (que tinha o menor salário). Isso mostra que muitas mulheres ainda vêem o homem como provedor.

    No fundo são feministas de conveniência, ou seja, apenas quando convém. Quando não convém ela continua machista. Isso é ridículo.

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  8. Bruna,
    É impressionante como suas opiniões são parecidas com as opiniões que ostentava quando tinha meus 15,16 anos!
    Eu era uma menina extremamente do contra. Enquanto minhas amigas ouviam pagode, eu escutava Pink Floyd, enquanto elas usavam vestidinho e salto alto, eu usava all-star e cintos de rebiche. Era comum fazer longas reflexões sobre a vida, sobre capitalismo, sobre futilidade, sobre querer ir morar em uma daquelas reservas (?) anti-capitalistas onde os alimentos são plantados e cultivados. Eu cresci revoltada, anti-social, apedrejava carros que passavam com “músicas” altas e não me aproximava, de maneira alguma, de pessoas que considerava produtos do sistema capitalista/consumista.
    E olha que ainda levantava a bandeira do “Não ao preconceito”.
    É verdade que por trás de toda essa revolta havia muitos ressentimentos, muitos traumas, muitas coisas não resolvidas dentro de mim. No entanto, isso não me dava o direito de ter agido com tamanha hostilidade com pessoas que sequer conhecia! Eu não me deixei viver tanta coisa!...
    Hoje, com 23 anos, estou planejando minha cirurgia para a prótese do silicone. Calma, não puxe os cabelos. Não me tornei uma mulher-fútil-interesseira-robotica-plástica-sem opinião. Apenas amadureci. Não que o amadurecimento esteja ligado ao uso do silicone, por Deus. Tenho minhas razões para fazer a cirurgia e elas não envolvem somente à questão da estética.
    Tudo o que consegui foi devido ao meu próprio esforço. Formei-me na faculdade com meu próprio dinheiro, enfrentei dificuldades, venci batalhas, superei doenças. Hoje sou uma mulher independente, com a mente aberta, tentando me livrar de estigmas e definitivamente muito mais feliz!
    Eu vejo em seus textos muito preconceito camuflado em pseudo- revolucionarismo, perdoe-me a sinceridade. Onde raios você se baseou para afirmar que mulheres que gostam de se arrumar e, conseqüentemente, se maquiar, são fúteis??! Devemos todas sair pelas ruas iguais umas mocorongas, com o cabelo desgrenhado e olheiras assustadoras só porque é “revolucionário”???. Amiga, entenda o que eu demorei muito a atender: A SUA VERDADE NÃO É ABSOLUTA. O certo e o errado, se não os levarmos ao extremo, são sim relativos! Espanta-me saber que você é psicóloga.
    Como você trataria uma paciente que chegasse ao seu consultório com peitos de silicone, cabelo “acinzentado” de luzes e maquiagem à la patati-patatá? Você falaria “Vá de retro satanás” ou tentaria entender os motivos que levaram essa pessoa a ser/se comportar daquela maneira? E por que não pode ter essa mesma postura no seu dia-a-dia?
    Anyway, falei de mais.Platão com certeza mandou bem na frase que intitula seu blog e acredito piamente que questionar as próprias atitudes também estão inclusas na significação da frase.

    Tenha uma boa vida!

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  9. Por que as mulheres falam que querem uma coisa, mas ficam com pessoas o contrario total do que elas falam que querem.
    E por que quando aparece alguem que e como elas dizem que querem este e ridicularizado.
    e verdade que mulher so se interessa por alguem que as amigas ou mulheres do meio querem tambem, se não e cobiçado não tem graça? por que quem ta sozinho fica sempre sozinho e quem tem varias cada vez aumenta mais? por que os tais galinhas se dão sempre bem?

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